João Pimentel Corrêa Neto tem 22 anos e acaba de entrar para a faculdade de Educação Física, mas a escolha pelo curso não foi fácil. Como qualquer jovem, João tinha dúvida na hora de escolher a profissão. Seu sonho de trabalhar em um Centro de Pesquisa tendia levá-lo para o curso de História, porém o amor ao esporte falou mais alto e João optou pela Educação Física. Seria essa mais uma história entre tantas outras de alguém no início da fase adulta, se não fosse um detalhe importante: João está dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Após concluir o Ensino Médio, em 2015, com 18 anos, Ele não parou de estudar. Fez cursos de inglês, pré-vestibular e computação. Pela sua condição, João faz parte da pequena estatística de estudantes que passaram no vestibular e possuem Autismo.
De acordo com o Censo da Educação Superior, o levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, mostrou que mais de 8 milhões de alunos estão matriculados no ensino superior. Desses, 488 tem autismo.
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
A assistência de uma equipe multidisciplinar é essencial nos casos de autismo. É por meio desses profissionais que o paciente terá ajuda em diversos aspectos, dentre eles a interação social e a diminuição de outros sintomas. O acompanhamento é direcionado e individualizado, varia conforme a necessidade do paciente.
Para Rochelle Batista, Professora do Atendimento Educacional Especializado, o trabalho desenvolvido para o João foi extremamente importante no processo de tomada de decisão.
O João chegou aqui na APAE no final de fevereiro. A primeira coisa que começamos a trabalhar foi a tomada de decisão. Precisávamos dar um direcionamento e deixar claro para a família que não é a nossa vontade. A gente precisa expor todas as possibilidades, seja a inserção ao mercado de trabalho ou em uma faculdade. A decisão final cabia somente a ele, pontuou a professora.
Uma ferramenta importante no processo de tomada de decisão foi o Google Sala de Aula. A ferramenta torna o processo de aprendizado muito mais continuo e dinâmico, além de aumentar a possibilidade de interação e comunicação, a qualquer hora e em qualquer lugar.
Rochelle ressalta que a utilização da ferramenta não foi por acaso. Houve uma análise e nós percebemos que o João tem muita habilidade com o uso do computador e da internet. Então, nada mais simples do que apresentar todas as opções por meio do Google Sala de Aula. Ele vai continuar aqui com a gente, fazendo um acompanhamento, principalmente, no processo de tomada de decisão e autogestão.
PERSPECTIVA
É importante deixar claro que o Transtorno do Espectro Autista pode se manifestar em diferentes graus. Porém, histórias como a da João Neto só reforça que aliar terapia, inclusão e amor é a melhor maneira de estimular o crescimento de uma pessoa autista. Unidos podemos ajudar as pessoas no caminho em busca de uma profissão e de uma vida independente.